terça-feira, 19 de abril de 2011

O Gato...

   Lá se vão alguns anos (para não dizer vários...), quando eu, adolescente de coração grande, não podia ver um bicho abandonado na rua. A sorte é que naquele tempo, não tinham tantos bichos na rua como hoje (pelo menos não nas ruas em que eu passava...).

   Minha família já conhecia este meu "ponto fraco" e ficava sempre alerta, esperando o próximo "adotado". Geralmente eram gatos, pois a minha mãe não queria cachorro de jeito algum. Então eram aos gatos que eu socorria.

   Certa manhã, eu estava voltando da casa de uma tia, onde havia passado a noite. Resolvi ir a pé, da casa dela até a estação do ônibus, para então ir para casa. Era uma manhã amena, nem quente nem fria, e a distância até a parada era de uns três quilômetros ou mais, com direito a uma grande lomba, quase no final. Eu estava subindo esta lomba quando vi um gato horrível, coitadinho, preto e todo judiado. Pensei: "não vou pegar, não vou pegar, não vou pegar!" Caminhei mais uns dez passos e o gato miando, desesperado, para todos os que passavam. Caminhei mais uns dois passos, dei meia volta e peguei o gato.

   Coloquei dentro da sacola com as minhas roupas e fui para a parada. Lá, quando o ônibus chegou, eu rezei para que o gato ficasse quieto, pois naquele tempo, se o motorista e/ou cobrador fossem invocados, colocavam a gente para fora por estar carregando um bicho no ônibus. E o gato lá, tirando a cabeça do meio das roupas e tentando miar. E eu enfiando a cabeça dele de novo no meio das roupas e segurando a boca para ele não miar... Sufoco...

   Cheguei em casa com uma cara de quem diz: "Olha, tem um gato na minha sacola...". Minha mãe e minha vó estavam sentadas no pátio quando me viram no portão, com essa cara. A minha mãe disse: "Que cara é essa, tu não pegaste outro gato não é?" E a minha vó: "Se tem outro gato aí, não precisa nem entrar!"

   Bom, o fato é que eu entrei, eu e o gato... Quando ele saiu da sacola, minha mão gritou: "A não Andréa, não tinha um gato melhor?" E a minha vó: "Ai que horror!"

   Pois é, e assim o gato (mais um) chegou lá em casa. Meu pai se condescendeu do bichano e dava banho nele regularmente. Curou o bichinho que ficou lindo que nem ele só...

   Andréa