quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A árvore


"Era uma vez uma árvore pequena, que nasceu em um barranco de um rio. Este rio por vezes ficava muito violento, arrancando tudo o que havia em suas margens...
Cada vez que o rio ficava assim, a pequena árvore prendia fortemente suas frágeis raízes na terra, nas pedras, em qualquer coisa que a mantesse viva.
Ela enfrentou várias tempestades, e foi crescendo, sempre resistindo. O rio, impetuoso, não se dava conta do esforço da pobre árvore. Ele só via a si mesmo, a sua força que tudo podia arrastar...
Esta árvore foi crescendo sempre se achando frágil, a despeito de sempre conseguir se manter viva, de mostrar força.
Ela foi crescendo ganhando graça e beleza. Só que sempre que via seu reflexo no rio, enxergava aquela pequena árvore frágil e franzina, sempre com medo da impetuosidade do rio...
Quando adulta, pássaros vieram fazer ninhos em seus galhos frondosos e protetores. A cada ninhada criada, agradeciam a árvore. Esquilos se alimentavam dos seus frutos e também agradeciam à árvore. E ela sempre respondia humildemente: "por nada..."
Apesar de tudo, ela ainda se sentia pequena e frágil, sem valor, enxergando sempre o mesmo reflexo franzino nas águas do rio.
Então algumas sementes brotaram ao redor da árvore e a admiravam. Ela porém não sentia esta admiração, afinal havia crescido de forma tão difícil, tão só... Ela não conseguia ver claramente o seu valor...
Certa noite de tempestade, um raio caiu na árvore, queimando vários de seus galhos... As aves e esquilos ficaram desabrigados. A dor que a árvore sentiu foi grande!
Sentia falta dos galhos perdidos e queimados. E agora o reflexo que via no rio já não era o da árvore franzina, mas da árvore machucada. Ela então entendeu que não estava machucada somente por fora, mas também por dentro, na alma... Então pela primeira vez ela chorou...
O tempo passou e novos galhos começaram a brotar. E, ao invés de olhar suas cicatrizes, a árvore passou a ver os brotos verdes. Olhou-se no reflexo do rio e pela primeira vez viu uma árvore frondosa e bela, apesar das cicatrizes de dentro e de fora...
Ela aprendeu a se ver como era, com sua força e fraqueza, sua beleza e suas cicatrizes... Aprendeu que mesmo com todo um início de fragilidade havia conseguido crescer e suportar várias tempestades. Aprendeu que ela tinha valor...
Os pássaros e esquilos voltaram e ela os acolheu com alegria e afeição.
Quando vinham novas tempestades, ela ficava tranquila, pois passou a acreditar que somente cairia quando fosse o seu momento de partir, determinado pelo Criador, e não por fraqueza..."
Andréa